sexta-feira, 31 de julho de 2009

IN MEMORIAM



As pessoas que amamos, se mantém vivas em nós através da lembrança.Decidi dedicar esse Post aos meus queridos pais que me ensinaram valores, princípios e sempre me acolheram, protegeram, orientaram sobre a vida, incutindo sementes que vingaram e fazem de mim diariamente uma pessoa melhor! Da mesma forma, procuro transmitir
para minha filha, afim de que ela resguarde,valorize, aquilo de mais precioso que um ser humano pode possuir: HONRA e EDUCAÇAO!

PAIXAO DE MEU PAI:
COLEGIO NAVAL



PAIXAO DE MINHA MAE:
CONVENTO SAO BERNARDINO DE SENA




PAIXAO DE AMBOS:


Pra voces com todo meu amor e carinho, e com o desejo de que estejam bailando no jardim das delícias!

ASS:" Olhos de mel"

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quarta-feira, 29 de julho de 2009

ARTE NOS AROMAS

Decididamente, é espantoso perceber que em fragrancias, notas, bouquet de um perfume, podemos identificar a personalidade de quem o usa e traçar um "mosaico" de ricas informaçoes, numa viagem deliciosa e cheia de devaneios, relembrando momentos secretos e eternizados, simplesmente pelo "aroma", rss
Aos apreciadores, puro encanto...


A arte da elaboração do perfume nasceu no Egito, e transpuseram os limites dos tempos e das pirâmides, e se transformaram em um acessório apreciado pelos ricos mortais, ao invés de ser privilégio unicamente dos deuses e dos mortos; assim, os sacerdotes aos poucos transformaram seus templos em autênticos laboratórios de " Perfumes Artesanais ". Por volta de 2000 a.C., os primeiros clientes foram os faraós e os membros importantes da corte; logo, o uso do perfume se difundiu; trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito.
A necessidade de contar com essências refrescantes tornou-se tão fundamental que a primeira greve da história da humanidade foi protagonizada em 1330 a.C. pelos soldados do faraó Seti I, que pararam de fornecer unguentos aromáticos. Pouco depois (1300 a.C.), coube ao faraó Ramsés II enfrentar uma revolta de peões em Tebas, que estavam indignados com a escassez de rações de comida e de unguentos.
Os egípcios cuidavam muito de sua higiene pessoal, tinham hábito de lavar-se ao acordar, e também antes e depois das principais refeições; além de água, usavam uma pasta de argila e cinzas, a suabu, que era uma espécie precursora do atual sabonete; a seguir, friccionavam o corpo com incenso perfumado.
A necessidade de contar com essências refrescantes tornou-se tão fundamental que a primeira greve da história da humanidade foi protagonizada em 1330 a.C. pelos soldados do faraó Seti I, que pararam de fornecer unguentos aromáticos. Pouco depois (1300 a.C.), coube ao faraó Ramsés II enfrentar uma revolta de peões em Tebas, que estavam indignados com a escassez de rações de comida e de unguentos.
A partir da Espanha foi introduzido em toda a Europa durante o Renascimento. Foi na França, a partir do século XIV, onde se cultivavam flores, que ocorreu o grande desenvolvimento da perfumaria, permanecendo desde então como o centro europeu de pesquisas e comércio de perfumes.

http://levataperfumes.blogspot.com/2008/06/historia-do-perfume.html


INTERESSANTE REPORTAGEM:

"Princesa que rala
Casada com um príncipe descendente de uma das mais tradicionais famílias francesas, Marina de Bourbon vem
ao Brasil para lançar sua nova linha de perfumes e diz
que trabalha para continuar jovem "


Era uma vez uma princesa que desde pequena era apaixonada
pela natureza e seus aromas. Tão apaixonada que mantinha em
seu castelo um exuberante jardim, do qual cuidava pessoalmente.
Até que um dia ela resolveu que, a partir do cheiro das flores que cultivava, faria seu próprio perfume – um sonho que cultivava há tempos. “Comecei a fazer as misturas, mas acabava nunca dando certo. Até que uma empresa se interessou por meu projeto e, ao mesmo tempo, precisava de um nome importante para lançar uma grife”, conta Marina de Bourbon, a princesa dessa história, de 62 anos. Entre 11 e 15 de abril, Marina esteve no País para lançar a fragrância Rose Bourbon, em comemoração aos dez anos do primeiro perfume da linha, o Princesse Marina de Bourbon.

Marina é casada há 45 anos com o príncipe André de Bourbon
Parme, descendente da dinastia dos Bourbon, uma das mais antigas e tradicionais famílias da França. “Nos conhecemos na praia de St. Tropez tomando sol, por meio de amigos em comum. Já freqüentava
a alta sociedade, artistas. O luxo não foi uma surpresa”, lembra. Os Bourbon reinaram entre o final do século XVI e o início do século XIX, com exceção de pequenos períodos, como o governado por Napoleão Bonaparte. Monarcas dessa família também ocuparam os tronos da Espanha e do reino de Luxemburgo.

Mãe de três filhos e avó de seis netos, Marina diz que trabalha porque quer se manter atualizada. “Quero continuar jovem, poder entender meus filhos, meus netos, estar em contato com a realidade. Não quero ficar enfurnada dentro de casa”, diz a princesa. Marina, que trabalha desde os 19 anos, atuava como decoradora e antiquária antes de ter sua grife de perfumes. Até hoje, ela mantém uma maison de cerâmica e decoração.

Além de São Paulo, a princesa conheceu também Curitiba e Rio de Janeiro. Mas não quis saber de ser tratada com pompas de realeza. “As pessoas não têm que pensar que sou uma princesa, eu é que penso a todo instante em como as pessoas a minha volta são maravilhosas. Ser princesa é só uma questão de herança”, ensina.

texto: Jonas Furtado
foto: Piti Reali

http://www.terra.com.br/istoegente/297/reportagens/marina_bourbon.htm

segunda-feira, 27 de julho de 2009

RESPEITANDO O PŔOXIMO

Vivemos num mundo de diversidades sócio/político/étnico/religiosas e por outro lado, todos pertencemos à mesma raça chamada HUMANA.Não há como fugir dessa realidade!rs Mas, ainda me questiono, por quê a intolerancia e agressividade ainda prevalecem? Afinal, estamos no auge da EVOLUÇAO de nossa Civilizaçao!!!Novos avanços em todos os ramos científicos:mapeamento do código que decifra a espécie,conquistas territoriais espaciais,contudo, de forma intrigante, prevalecem atitudes que levam esse mesmo ser, a ficar enjaulado,isolado, por ameaçar, ferir e matar seus semelhantes com atitudes irracionais!Quanto antagonismo...
Qual a concepçao de "respeito" e a INTENSIDADE da palavra "próximo"?
Ainda estou tentando descobrir e assimilar racionalmente, porque na verdade,apenas SINTO...
Agora deixo para apreciação a beleza multicultural, desse intrigante e tão controverso, SER HUMANO.
O encantamento, está na história de cada povo e suas origens.Isso é sagrado!Deve ser reverenciado.Pense...

DRull

CULTURA ANDINA




CULTURA ITALIANA




CULTURA PORTUGUESA




CULTURA GREGA




CULTURA RUSSA



CULTURA IRLANDESA




CULTURA JAPONESA




CULTURA JUDAICA




CULTURA CIGANA



CULTURA INDIANA



CULTURA ÁRABE

CULTIVANDO DELICADAS SEMENTES



Dentre tantas nuances e tons de palavras, músicas e reflexões, no post anterior frisei o ESPELHO VERMELHO ( CORAÇÃO), como sendo a matriz das revelações mais secretas ao andarilho, buscador de si mesmo.E como nao poderia deixar de ser,surge a semente que o Rouxinol do Conto de Oscar Wilde soube cultivar, mesmo que por breves momentos...contudo, com a mais perfeita intensidade:o AMOR...
Todos os dias, essa preciosa semente suspira para ser regada, afim de que assim, se renove até mesmo, nos dias mais frios do Inverno da vida humana.
Fica para deleite, uma música que para mim e meu amado, soa como delicados suspiros de almas enamoradas!...Boa apreciaçao!

Drull

ESPELHO VERMELHO



Descendo ainda mais aos degraus do Submundo psíquico, deparamo nos com o oráculo.Aquele que nos responde as verdades, através da pulsaçao e do ritmo...
Nao há como profanar...mas sim, entender que no labirinto interior somos vítimas e heróis de nós mesmos!A jornada é pessoal, os passos a serem dados devem trazer harmonia e equilibrio.Nao há bondade absoluta nem malefício eterno!!!rs...Céu e inferno sao estados da alma.Do fato de SER HUMANO! rs...O equilíbrio se revela pela ausencia de excessos e pelo profundo auto conhecimento!!! Conte com Chronos, porque a jornada é longa...
Por HORA, findam se as meditaçoes, porém, um aviso: CUIDADO COM REFLEXOS! rs

DRULL

MEDITANDO COM PERSÉFONE

Todos nós passamos por um momento de "rompimento de padroes internos" e mergulhamos nos nossos instintos mais obscuros buscando entender o que as sombras tem a nos ensinar.Isso é completude!Aceitar a si mesmo na totalidade,refinar e reconhecer o que ainda se revela embrutecido,vicioso e desequilibrador na nossa psiqué.
Para este exercício é necessário a nudez diante do espelho.A coragem de ver os reflexos disformes e ler suas mensagens.Compreender seus sussuros e motivaçoes...
Esse é o passeio do mito de Perséfone...descobrindo em Hades, sua face mais obscura e oculta...encarando sua sombra interior! Lendo as formas, identificando suas fraquezas e fortalezas! DRULL


Continuando a dança interior...sem reservas ou medo!Pois assim tem que ser!...caminhando e se encontrando...no recondito da alma,em busca de respostas.

A ARTE DA VIDA

A vida e a arte se mesclam e nos convidam a bailar uma sinfonia encantadora, que nos possibilita em cada rodopio, uma infinidade de sensaçoes e percepçoes. Se focarmos nossos olhos apenas na "moldura" ou no "fundo" da obra, será quase impossível entender o TODO ou vislumbrar o sentimento do artista e absorver cada gota delicada, da essencia que nos alimenta e nos conduz á mensagem oculta...e em algum momentos, nossas mentes e coraçoes se fundem num só e alcançamos o extase da sensaçao de pertença e cumplicidade.Em alguns momentos passamos de meros comtempladores a participantes, interativos, dessa magia toda!Portanto, nao murmure, nao maldiga, nao esbofeteie a si mesmo, porque se há folego na narina, força nas pernas,e olhar de artista...haverá também o entendimento que voce caminha num chao de aquarela, dançando nas estaçoes.Pinte sua própria tela!Celebre tua vida com Arte! by DRUll


Nessa aquarela de matizes diversas,descortinamos os mistérios da alma,do outro, de tudo que nos circunda!
OUSADIA é a senha...rs rs rs Quem se habilitaria...rs

O ROUXINOL E A ROSA



- Ela disse que dançaria comigo se eu lhe levasse rosas vermelhas - lamentou-se o jovem Estudante. - Mas, em todo o meu jardim, não há nenhuma rosa vermelha.

De seu ninho, no alto de um azinheiro, o Rouxinol o ouviu e, admirado, olhou por entre as folhas.

- Nenhuma rosa vermelha em todo o meu jardim - lamentou-se. E seus lindos olhos se encheram de lágrimas. - Ah, como é frágil a felicidade! Li tudo que os sábios escreveram. Sei de todos os segredos da filosofia. Mesmo assim, por falta de uma rosa vermelha, sou um desgraçado nesta vida.

- Enfim, um verdadeiro amante - disse o Rouxinol. - Noite após noite cantei canções em seu louvor, sem nunca tê-lo conhecido. Noite após noite contei sua história às estrelas e agora o vejo. Tem os cabelos escuros como a flor do jacinto e os lábios vermelhos como a rosa que lhe falta, mas a paixão deixou-lhe o rosto pálido como o marfim e a tristeza selou seu semblante.

- O Príncipe dará um baile amanhã à noite - murmurou o jovem estudante - e minha amada estará entre os convidados. Se eu lhe levar uma rosa vermelha, dançaremos até o alvorecer. Se eu lhe levar uma rosa vermelha, tomá-la-ei em meus braços e ela deitará a cabeça em meu ombro e em minha mão pousará a sua. Mas, não há rosas vermelhas em meu jardim. Por isso, eu me sentarei sozinho em um canto e ela nem tomará conhecimento de mim. Ela passará por mim sem me notar e meu coração se partirá.

- Aí está, de fato, o verdadeiro amante - disse o Rouxinol. - As canções que canto, ele as vive em sofrimento. As histórias com que me alegro são as de sua dor. O Amor é mesmo maravilhoso. É mais precioso que os diamantes e mais estimado que a mais fina opala. Pérolas e romãs não podem comprá-lo, nem se pode encontrá-lo nos mercados. Os comerciantes não o vendem e a balança não é capaz de medir seu peso em ouro.

- Os músicos se sentarão em suas galerias - disse o jovem estudante -, farão soar as cordas de seus instrumentos e minha amada dançará ao som das harpas e violinos. E ela dançará tão suavemente que seus pés não tocarão o chão. Os cortesãos, em seus trajes festivos, formarão rodas em torno dela. Mas, comigo ela não dançará, porque eu não tenho uma rosa vermelha para lhe dar.

Atirou-se então na grama, enterrou o rosto nas mãos e caiu em pranto.

- Por que ele está chorando? - perguntou um pequeno Lagarto Verde, ao passar ao seu lado com a cauda levantada.
- É. Por quê? - disse uma Borboleta, que voejava em busca de um raio de sol.
- É. Por quê? - sussurrou uma margarida a outra, a voz suave e delicada.
- Ele está chorando por uma rosa vermelha - disse o Rouxinol.
- Por uma rosa vermelha? - exclamaram. - Que ridículo atroz!

E o pequeno Lagarto, que era um tanto quanto cínico, caiu na gargalhada. Mas o Rouxinol sabia o segredo da tristeza do Estudante e pousou em silêncio no galho de um carvalho, refletindo sobre o mistério do Amor. De repente, ele abriu as asas castanhas e alçou vôo. Passou pelo pequeno bosque como uma sombra, e como uma sombra cruzou o jardim. No centro do gramado, havia uma bela Roseira. E, quando ele a viu, voou em direção a ela e pousou em um de seus ramos.

- Dê-me uma rosa vermelha - pediu - e eu lhe cantarei a mais bela canção.

A Roseira, porém, sacudiu a cabeça.

- Minhas rosas são brancas - respondeu -, brancas como a espuma do mar e mais brancas que a neve que cobre a montanha. Mas vá ter com minha irmã que mora ao redor do velho relógio de sol. Talvez ela tenha o que você quer.

O Rouxinol então voou até a Roseira que morava ao redor do velho relógio de sol.

- Dê-me uma rosa vermelha - pediu - e eu lhe cantarei a mais bela canção.

A Roseira, porém, sacudiu a cabeça.

- Minhas rosas são amarelas - respondeu -, amarelas como os cabelos da sereia que reina em seu trono de âmbar e mais amarelas que o narciso que floresce nos campos antes que o ceifador venha com seu alfange. Mas vá ter com minha irmã que mora embaixo da janela do Estudante.

O Rouxinol então voou até a Roseira que morava embaixo da janela do Estudante.

- Dê-me uma rosa vermelha - pediu - e eu lhe cantarei a mais bela canção.

A Roseira, porém, sacudiu a cabeça.

- Minhas rosas são vermelhas - respondeu -, vermelhas como as patas das rolinhas e mais vermelhas que as grandes flores-de-coral que serpeiam nas profundezas do oceano. Mas o frio do inverno gelou minhas veias, a geada queimou meus botões e a tempestade quebrou meus ramos. Por isso, nenhuma rosa terei este ano.

-Tudo o que eu quero é uma rosa vermelha - desesperou-se o Rouxinol -, uma única rosa vermelha! Será que não há nenhum meio de conseguí-la?
- Há um meio - respondeu a Roseira -, mas é tão terrível que não ouso contar-lhe.
- Conte-me - disse o Rouxinol. - Não tenho medo.
- Se você quer uma rosa vermelha - prosseguiu a Roseira -, terá de cantar à luz do luar até nascer uma rosa, e tingí-la com o sangue de seu coração. Você terá de cantar para mim com o peito comprimido contra um espinho. Por toda a noite terá de cantar para mim com um espinho cravado no coração, até que o sangue que lhe dá vida corra em minhas veias e se torne meu.

- A Morte é um alto preço a se pagar por uma rosa vermelha - queixou-se o Rouxinol -, e a Vida é por todos estimada. Encanta-me pousar na verde relva e contemplar o Sol em sua carruagem de fogo e a Lua em seu rosário de pérolas. Doce é o perfume do jasmim; doces os lírios-do-vale e as magriças que desabrocham nas colinas. Ainda assim, o Amor é melhor que a Vida. E como pode o coração de um passarinho comparar-se ao de um homem?

Ele então abriu as asas castanhas e alçou vôo. Passou pelo jardim como uma sombra, e como uma sombra cruzou o pequeno bosque.

O jovem Estudante continuava estirado na grama, onde ele o deixara, e as lágrimas ainda não haviam abandonado seus lindos olhos.

- Alegre-se - disse o Rouxinol -, alegre-se; você terá sua rosa vermelha. Cantarei à luz do luar até nascer uma rosa e tingí-la-ei com meu próprio sangue. Tudo que lhe peço em troca é que seja um verdadeiro amante, pois o Amor é mais sábio que a Filosofia (e quão sábia é ela...) e mais forte que o Poder (e quão forte este é...). As asas do Amor são da cor do fogo e, como o fogo, colorido é o seu corpo. Doces como o mel são seus lábios e seu hálito é como o incenso.

O Estudante, deitado na grama, levantou os olhos e ouviu, mas não entendeu o que o Rouxinol lhe dizia, pois não era capaz de compreender senão as coisas que se escrevem nos livros. O Carvalho, porém, entendeu. E se entristeceu, porque muito estimava o pequeno Rouxinol que um dia havia feito um ninho em seus galhos.

- Cante-me uma última canção - suplicou -, sentirei muita solidão quando você partir.

O Rouxinol então cantou para o Carvalho, e sua voz era como água vertendo de um jarro de prata. Quando o Rouxinol terminou sua canção, o Estudante levantou-se e sacou de seu bolso um caderno e um lápis.

Ele tem método - pensou o estudante, enquanto atravessava o pequeno bosque a caminho de casa - isso não se lhe pode negar; mas terá sentimento? Temo que não. Na verdade, ele é como a maioria dos artistas: sobra-lhe estilo e lhe falta sinceridade. E não se sacrificaria por outros, pois pensa apenas na música. Todo mundo sabe que a arte é egoísta. Não obstante, deve-se admitir que há belas notas musicais em sua voz. É uma pena que nada signifiquem e que de nada sirvam.

Entrou então em seu quarto, deitou-se em sua cama de palha e começou a pensar na amada. Um pouco depois, adormeceu.

E quando a Lua brilhou no céu, o Rouxinol voou até a Roseira e lançou-se de encontro ao espinho. Por toda a noite ele cantou com o espinho em seu peito, e a fria Lua de cristal inclinou-se e escutou. Por toda a noite ele cantou, o espinho cravando cada vez mais fundo no peito, até que seu sangue se exauriu.

Ele primeiro cantou o amor que nasce no coração de dois jovens. E no mais alto ramo da Roseira, uma linda rosa desabrochou. Uma a uma, as pétalas despontavam, assim como uma a uma soavam as canções. De início, a rosa era alva como a bruma que cobre o rio - alva como a face da manhã e cor de prata como as asas da aurora. Reflexo de uma rosa em um espelho de prata ou em uma lagoa de cristal, assim era a flor que nasceu no mais alto ramo da Roseira.

Mas a Roseira rogou ao Rouxinol que apertasse ainda mais o peito contra o espinho.

- Aperte mais, pequeno Rouxinol - disse a Roseira -, ou o dia nascerá antes que a rosa esteja pronta.

O Rouxinol então pressionou ainda mais o peito contra o espinho. E cada vez mais alto soava sua música, pois cantava a paixão que nasce na alma de um homem e de uma donzela.

As pétalas coraram-se de um delicado tom de rosa, como o que cora a face do noivo quando ele beija os lábios da noiva. Mas, como o espinho ainda não atingira o coração do passarinho, o da rosa continuava branco, pois apenas o sangue do coração de um Rouxinol pode enrubescer o coração de uma rosa.

E a Roseira rogou ao Rouxinol que apertasse ainda mais o peito contra o espinho.

- Aperte mais, pequeno Rouxinol - disse a Roseira -, ou o dia nascerá antes que a rosa esteja pronta.

O Rouxinol então pressionou ainda mais o peito contra o espinho. E o espinho tocou seu coração, infligindo-lhe uma dor atroz. Cruciante, intolerável era a dor e cada vez mais frenética era a música, pois que ele cantava o Amor que a Morte torna perfeito, o Amor que no túmulo não morre.

E a linda rosa era agora escarlate, como a rosa que nasce no leste. Escarlate era a coroa de pétalas e rubro como um rubi era o seu coração.

Mas a voz do Rouxinol ficou mais fraca. Suas asinhas começaram a bater e uma fina névoa embaçou-lhe os olhos. Cada vez mais baixo ele cantava, e sentia algo a lhe apertar a garganta.

Então de seu peito irrompeu uma derradeira explosão de música. A Lua muito branca escutou-a e esqueceu-se da aurora, demorando-se no céu. A rosa vermelha escutou-a e, toda trêmula em êxtase, abriu suas pétalas no ar frio da manhã. Eco a conduziu até sua púrpura caverna nas colinas e acordou de seus sonhos os pastores adormecidos. Ela flutuou por entre os juncos do rio, que levaram sua mensagem ao mar.

- Veja! Veja! - exclamou a Roseira - A Rosa está pronta.

Mas, o Rouxinol nada respondeu, pois jazia morto no gramado com o espinho cravado no coração.

Ao meio-dia, o Estudante abriu a janela do quarto e espiou lá fora.

- Ora essa! Que sorte incrível! - exclamou - Uma rosa vermelha bem aqui! Nunca vi uma rosa como esta em toda minha vida. É tão deslumbrante que certamente deve ter um nome bem comprido em latim.

Então inclinou-se e arrancou a flor. Depois colocou seu chapéu e, com a rosa na mão, correu até a casa do Professor. Sentada à porta com seu cachorrinho deitado a seus pés, estava a filha do Professor, enovelando um carretel de seda azul.

- Você disse que dançaria comigo se eu lhe trouxesse um rosa vermelha - lembrou-lhe o Estudante. - Aqui está a rosa mais vermelha do mundo. Você vai usá-la junto ao peito esta noite e, quando estivermos dançando, ela lhe dirá quão grande é o meu amor por você.

A garota franziu as sobrancelhas.

- Não creio que ela combine com meu vestido - respondeu. - Além disso, o sobrinho do Tesoureiro da Cidade enviou-me jóias de verdade. E todo mundo sabe que jóias custam muito mais que flores.

- Palavra de honra que você é muito ingrata - disse o Estudante, nervoso.

E atirou na rua a rosa, que foi parar na sarjeta, onde acabou esmagada pela roda de uma carroça qualquer.

- Ingrato! - exclamou a garota. - Sabe de uma coisa? Você é muito grosseiro. Além do mais, não passa de um Estudante. E nem ao menos usa sapatos com fivela de prata, como os do sobrinho do Tesoureiro. Inacreditável!

Levantou-se então da cadeira e voltou para dentro de casa.

- Que tolice é o amor - refletiu o Estudante, enquanto retornava. - Não tem nem a metade da utilidade da Lógica. Além de não provar coisa alguma, está sempre iludindo as pessoas e fazendo-as acreditar em inverdades. Com efeito, não tem praticidade alguma. E, como hoje em dia praticidade é tudo, voltarei à Filosofia, vou estudar Metafísica.

De volta ao seu quarto, o Estudante retirou da prateleira um grande e empoeirado livro e começou a ler.

Oscar Wilde